Elmir da Silva Lacerda, ex-adolescente trabalhador, fala da sua trajetória na Assprom
Em entrevista ao Jornal da Assprom, Elmir da Silva Lacerda, 57 anos, conta, com emoção, sua trajetória na Assprom e até se aposentar na carreira de Policial Civil, em 2010. Confira!
JORNAL DA ASSPROM: Quando ingressou na Assprom, o senhor atuou na Imprensa Oficial e em outros órgãos públicos, incluindo a Secretaria de Estado da Segurança Pública. Como foi essa experiência?
Elmir Lacerda: A experiência de ter prestado serviços junto à Imprensa Oficial e à Secretaria de Estado da Segurança Pública, foi ímpar. Na Imprensa Oficial tive a oportunidade de conhecer como acontecia a impressão do Diário Oficial e o trabalho dos gráficos. Já atuar na Secretaria de Segurança Pública/Polícia Civil de Minas Gerais foi fator decisivo para trilhar o caminho profissional. O gosto pela profissão de policial tomou conta do meu coração. Oportunidade que em 1986, após ter saído da Assprom, prestei concurso para Detetive e fui nomeado pelo então Governador Hélio Garcia. Após ter sido promovido, alcancei o grau final da carreira como Investigador de Polícia Classe Especial e aposentado, em 2010.
JORNAL DA ASSPROM: O senhor acha que o fato de ter sido adolescente trabalhador na Secretaria de Segurança Pública aguçou a sua vontade pelo concurso para a Polícia Civil?
Elmir Lacerda: Aguçou a vontade de ser Policial Civil, quando, ainda garoto, fui trabalhar no ambiente policial. Convivi intensamente com Policiais Civis. Pessoas hoje, aposentadas, idosas e que ainda são meus amigos. Em 1978, ser Policial era uma grande oportunidade. Época em que a Polícia Civil elucidava grandes crimes, que abalaram a sociedade mineira. Vendo aquilo e assistindo de perto o desenrolar das investigações aguçou ainda mais meu interesse em ser um Policial Civil.
JORNAL DA ASSPROM: E porque optou pelo curso de Direito?
Elmir Lacerda: Prestando serviços na Polícia Civil, como Investigador de Polícia, convivendo com a área do Direito, não restou outra alternativa senão ingressar no Curso de Direito, em 1989. Após ter formado em Direito, aguardei a oportunidade de aposentar-me, para ingressar na carreira da Advocacia. Onde hoje atuo, na área criminal.
JORNAL DA ASSPROM: E como é o seu trabalho, atualmente, na área criminal?
Elmir Lacerda: Após ter aposentado, resolvi dedicar à Advocacia para pessoas carentes. Atuo na área criminal, na qualidade de Defensor Dativo, nas Comarcas que não contam com Defensoria Pública; também nas Comarcas que contam com Defensoria Pública e que possuem um grande número de processos. Após nomeado pelo Magistrado, atuo com zelo e profissionalismo, procurando desenvolver o melhor trabalho que a mim é confiado. A Advocacia e a atividade Policial são como sacerdócios.
JORNAL DA ASSPROM: E sua rotina de trabalho é cansativa?
Elmir Lacerda: Hoje, com a pandemia, tendo em vista a virtualização das audiências, o meu sistema se adequa ao do Poder Judiciário. Trabalho horário integral, sem pausa. Mas considero tranquilo, porque já acostumei com a demanda.
JORNAL DA ASSPROM: Quais são seus planos pessoal e profissional?
Elmir Lacerda: Hoje, posso dizer que meus planos já estão concretizados. Aposentado pela Polícia Civil e advogando, só posso pedir a Deus, agora, saúde para cuidar da família.
JORNAL DA ASSPROM: Diante de toda a sua trajetória, o que de mais importante o senhor aprendeu na Assprom?
Elmir Lacerda: A Assprom foi primordial para o sucesso da minha carreira. Aprendi a conviver com vários profissionais e desenvolver minhas atividades com responsabilidade. Na Assprom, aprendi a respeitar horários e ter disciplina no trato com as pessoas. Vejo que, o adolescente quando chega à Assprom é como um cristal bruto. No decorrer do programa, o jovem é polido e, ao final, já sai preparado para o mercado de trabalho. Existem hoje, inúmeras pessoas de sucesso que iniciaram suas atividades na Assprom e, como não poderia ser diferente, me considero uma delas.
JORNAL DA ASSPROM: O que o senhor acha das ações de inclusão social da Assprom?
Elmir Lacerda: É um trabalho incomparável. Principalmente nos dias atuais, em que os jovens estão sem perspectivas no mercado de trabalho. A Assprom deveria se expandir, cada vez mais, para outras cidades brasileiras e oportunizar a inclusão social a milhares de jovens por meio do primeiro emprego.
JORNAL DA ASSPROM: Em sua opinião, qual o principal desafio para quem está se preparando para entrar no mundo do trabalho?
Elmir Lacerda: O maior desafio, atualmente, para quem deseja ingressar no mercado de trabalho é a oportunidade de mostrar que é capaz. A Assprom faz muito bem este trabalho ao preparar o adolescente para desafios que nem mesmo ele sabe. Quando ingressei na Assprom, fui entregar jornais pela Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, nem conhecia as ruas e avenidas de Belo Horizonte, e os desafios fizeram com que eu, em pouco tempo, circulasse por Belo Horizonte inteira, em Bancos efetuando pagamentos, entregando jornais. Hoje digo que a melhor experiência que a vida pôde ter me oferecido foi ter ingressado na Assprom.
JORNAL DA ASSPROM: O que diria para jovens que querem seguir uma carreira como a sua?
ELMIR LACERDA: Ingressar tanto na carreira Policial, como na Advocacia tem que gostar. Advocacia é muito estudo, muita leitura. Processos com grandes números de folhas. Todo processo judicial existe uma história contada, por isso tem que debruçar-se sobre ele e viajar na história ali contada. Devemos entrar na história e, muitas vezes, fazer o papel do personagem que você está cuidando da defesa. É mais ou menos assim.
Já a carreira policial é extremamente perigosa, estresse diário. Combater a criminalidade não é fácil. É o lema “servir e proteger”. Muitas vezes, temos que abrir mão da convivência com a família, para se dedicar à proteção da sociedade. Viagens cansativas, noites em claro, plantões que nunca param. O funcionamento de uma Unidade Policial é 24 horas. Compara-se o Plantão de uma Unidade Policial, como Plantão de um Pronto Socorro. Nunca para.
JORNAL DA ASSPROM: Para finalizar, que mensagem o senhor deixa para a Assprom?
Elmir Lacerda: Se eu não tivesse ingressado nesta conceituada e respeitada entidade, o meu caminho, com certeza, teria sido mais difícil. Não trilhei os caminhos com facilidade, mas, com certeza, seriam mais difíceis de chegar aonde cheguei.
Tenho somente a agradecer aos funcionários da Assprom que me acolheram, em 1978, e aos que ainda permanecem realizando esse trabalho maravilhoso de resgatar adolescentes e ingressá-los no mercado de trabalho, oferecendo-lhes formação profissional, digna.
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