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DENGUE EM MINAS GERAIS: Alerta e prevenção na luta contra a epidemia (Entrevista na íntegra)

DENGUE EM MINAS GERAIS: Alerta e prevenção na luta contra a epidemia (Entrevista na íntegra)

11:27 28 março em ASSPROM, Noticias
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Descubra as últimas atualizações sobre a dengue diretamente da fonte! Em entrevista exclusiva, a assessora da Superintendência de Vigilância Epidemiológica da SES-MG, Janaína Fonseca Almeida Souza, esclarece diversos pontos sobre a transmissão, prevenção e sintomas do retorno da epidemia da dengue.

JORNAL DA ASSPROM: Segundo o Ministério da Saúde, o país já registra por volta de 80% do número total de casos do ano de 2015, o pior desde os anos 2000. Minas Gerais, não obstante, lidera em casos prováveis da doença. Quais as expectativas para o controle da transmissão?

JANAÍNA FONSECA: Realmente trata-se da epidemia de maior magnitude que já tivemos ao longo dos anos. Uma grande força tarefa, envolvendo diversas áreas internas e externas da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), foi formada para controlar a transmissão, levando-se em consideração as áreas de vigilância epidemiológica, vigilância laboratorial, assistência, controle vetorial e comunicação social. Esses cinco eixos são essenciais e precisam trabalhar em conjunto a todo momento.

Por meio do Decreto NE N. 64, de 26 de janeiro de 2024, foi declarada situação de emergência em saúde pública no Estado de Minas Gerais, em razão do cenário epidemiológico das arboviroses. Esse decreto prevê também a instalação do Centro de Operações de Emergências de Arboviroses (COE Minas Arboviroses), que tem como objetivo promover resposta à emergência de dengue, chikungunya, zika e febre amarela no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), com atuação coordenada no estado. O COE possibilita a análise dos dados e das informações para subsidiar a tomada de decisão dos gestores e técnicos, na definição de estratégias, priorização de recursos e adoção de ações adequadas e oportunas para o enfrentamento desta emergência de saúde pública.

JA: Minas já passou por pelo menos três epidemias no passado (2010, 2013 e 2016), de acordo com o último boletim público da Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais. Quais são os motivos desse retorno periódico no estado?

JF: Trata-se do comportamento sazonal da doença, o que já é esperado de forma cíclica a cada três anos. No entanto, para o ano de 2024, o que se observa é uma influência forte também do clima, especialmente relacionado aos períodos de chuva forte e ondas de calor, o que aumenta a proliferação do mosquito.

JA: Quais os principais sintomas?

JF: As manifestações clínicas podem variar desde formas sem sintomas a casos graves e fatais. Os principais sintomas são: febre alta, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, prostração, diarreia, dores musculares e manchas vermelhas pelo corpo que podem ser acompanhadas ou não por coceira. Pessoas de todas as idades são igualmente suscetíveis, no entanto, os idosos apresentam o maior risco de desenvolver dengue grave e outras complicações que podem levar à morte.

JA: Com o acúmulo do combate aos focos de dengue em anos anteriores, quais são as maneiras mais eficazes de combater a epidemia? Neste ano, novas formas de intervenção surgiram?

JF: A maneira mais eficaz (e inclusive a mais simples), sempre será o cuidado da população com sua casa e seu quintal, evitando o acúmulo de água parada. De forma concomitante, o Estado e os municípios têm investido em diversas formas de combate ao mosquito utilizando inclusive a tecnologia, como o uso de drones para monitoramento de terrenos de difícil acesso e lançamento de larvicidas e o Método Wolbachia, que consiste em reproduzir mosquitos com a bactéria de mesmo nome, em laboratório, que serão soltos no ambiente para que se reproduzam com os demais e formem uma população de mosquitos que não transmite doenças. O serviço dos drones já está em contratação pelos municípios e a Biofábrica Wolbachia será inaugurada em maio. Além disso, permanecem também as ações de UBV Veicular (fumacê) e utilização de inseticidas em pontos focais.

Mas reforço que nenhuma dessas ações é mais eficaz do que cuidar da sua própria casa e do seu quintal, com o simples fato de evitar água parada. Cada um de nós tem parte muito importante neste processo.

JA: Qual a importância de proteger as crianças e os adolescentes entre 10 a 14 anos contra a dengue?

JF: De acordo com o Ministério da Saúde, os critérios para distribuição da vacina consideraram que a maior proporção de hospitalizações por dengue nos últimos anos ocorreu nesta faixa-etária. Atualmente ainda há uma restrição de doses da vacina, em razão da capacidade de produção e entrega do laboratório produtor. Atualmente, 22 municípios do estado de Minas Gerais receberam a vacina e estão administrando nos jovens de 10 a 14 anos.

JA: Como os jovens e adolescentes podem contribuir para o combate à transmissão da dengue?

JF: Todos são responsáveis por este combate, mas especialmente os jovens e adolescentes, que possuem um grande poder de conscientização dos adultos, pais e responsáveis. São atitudes bem simples que fazem toda a diferença:

  • Manter as lixeiras sempre tampadas;
  • Manter o quintal sem lixo e entulho;
  • Deixar os tonéis e caixas d’água tampadas;
  • Deixar os ralos limpos e tampados;
  • Retirar os pratinhos das plantas;
  • Retirar qualquer tipo de água acumulada na área de serviço;
  • Deixar as garrafas e baldes virados para baixo;
  • Manter os reservatórios de água de ar condicionado, geladeira e umidificador vazios e secos;
  • Ter atenção com bromélias, babosa e outras plantas que podem acumular água. Colocá-las em local coberto;
  • Lavar os bebedouros de animais com bucha ou escova, trocando a água diariamente;
  • Manter os ralos internos e externos e calhas de chuva limpos;
  • Esticar bem lonas que são usadas para cobrir objetos, evitando a formação de poças de água.

JA: Era possível prever indícios de que a proliferação da doença se intensificaria novamente este ano? De que maneira o Estado e a população podem se preparar para esses recorrentes episódios epidêmicos?

JF: Sim, porque geralmente a doença se intensifica a cada três anos. Além disso, as ações constantes de vigilância epidemiológica e análise dos dados também permitem prever possíveis epidemias.

Diante desta previsão, já há algum tempo, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais vem intensificando as ações de mobilização e comunicação social, no sentido de dar maior visibilidade para a população da magnitude do problema e das formas de prevenção.

No nosso site (www.saude.mg.gov.br/aedes), as pessoas podem encontrar diversas informações e materiais de campanha, que são confiáveis e de qualidade.

Com as mudanças do clima, as doenças tendem a se agravar mais e por isso precisamos nos unir em prol da prevenção, tanto por ações simples e rotineiras (como a eliminação de água parada), quanto pela adesão à vacinação, considerada a forma mais eficaz de prevenir diversas doenças, pois vacinas são seguras e salvam vidas!

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